É possível construir a longevidade antes da concepção?
Empresa faz a triagem genética de embriões, analisando 900 condições, para escolher o melhor a ser implantado. Será que é possível projetar a longevidade...

Empresa faz a triagem genética de embriões, analisando 900 condições, para escolher o melhor a ser implantado. Será que é possível projetar a longevidade antes mesmo do início da vida? Não se trata de exercício ficcional, pois já existe um “serviço de design” para bebês mais saudáveis para casais que optam pela fertilização in vitro – técnica de reprodução assistida na qual a fecundação do óvulo pelo espermatozoide se dá no laboratório, seguida pela transferência do embrião para o útero. Muitas clínicas investigam anormalidades, como mutações ou cromossomos extras, mas estamos chegando a um outro patamar. Avaliação genética de embriões analisa 900 condições para escolher o melhor a ser implantado u_96tmu9c4 para Pixabay Recentemente, a Nucleus Genomics, startup norte-americana de biotecnologia, anunciou o serviço Nucleus Embryo: por seis mil dólares, o equivalente a 33 mil reais, a empresa faz uma triagem genética de até 20 embriões, para escolher aquele (s) com maior potencial para ser implantado. “O momento ideal para prevenir doenças é antes da gravidez”, alardeia o site da companhia, que mapeia 900 condições que os pais podem passar para os filhos: de esquizofrenia a diabetes tipo 2, da cor dos olhos à propensão de calvície. Basta coletar material dos genitores com um cotonete especial (swab bucal). A partir daí, algoritmos identificam os fatores de risco que rondam aquele embrião: transtornos mentais como bipolaridade e déficit de atenção com hiperatividade; câncer; asma; doença celíaca; degeneração macular; problemas cardíacos; enfermidades genéticas raras e por aí vai. É bom lembrar que a empresa só calcula as probabilidades e não dá garantias de um bebê sem defeitos de fabricação... “Antes da primeira batida de um coração, há o DNA”, é a frase de efeito de Kian Sadeghi, um dos fundadores da startup. Ao “The Wall Street Journal”, declarou: “a expectativa de vida aumentou dramaticamente nos últimos 150 anos. A investigação do DNA antes da fecundação pode fazer isso acontecer de novo”. Como era de se esperar, a técnica provoca controvérsia. De acordo com The Petrie-Flom Center, da Faculdade de Direito de Harvard, que se debruça sobre as questões bioéticas, a chamada triagem embrionária poligênica é um procedimento que tem enorme potencial de aumentar o estigma e a discriminação contra pessoas que vivem com algum tipo de condição e transtorno. E também não se deve deixar de considerar que essa pode ser uma nova forma de eugenia: o melhoramento de seres humanos, do ponto de vista biológico, disponível apenas para os ricos. Segredo para longevidade está na felicidade e gratidão